!DOCTYPE html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Transitional//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-transitional.dtd"> Calma Penada: <em>As</em> Páscoas

Calma Penada


«O optimismo é uma preguiça do espírito». E. Herriot. + «Uma assombração que se preza não pode ser preguiçosa. Buuuh!». O Fantasma do Misantropo.


domingo, abril 16, 2006

As Páscoas

Como poderemos aceitar as recriminações que, de dentro do próprio Cristianismo, se voltam contra o aproveitamento que a Igreja fez das festividades pagãs para implantar as próprias Festas Supremas? Não foi o Próprio Deus que consentiu desenrolar-se o Sacrifício Redentor do Seu Filho durante a celebração judaica da Libertação do Cativeiro Egípcio? Por que não aproveitar as rotinas cultuais à deusa Oastra, com as grafias várias que a celebraram, para lhes conferir o Cunho Fundamental da Verdade da mensagem de um Deus Uno e Trino? Oastra era deusa germano-nórdica da fertilidade, associada ao Sol e à Primavera, festejada no Equinócio respectivo, cujo atributo mais visível era a lebre, onde se quer estabelecer a origem mais remota do coelhinho da Páscoa. Quanto aos ovos, eram também símbolos, não apenas da fertilidade, como da renovação, entre gregos, romanos e... primeiros Cristãos, os quais, desde muito cedo, nele viram um signo da Ressurreição de Cristo. A fusão entre um e outros terá sido alimentada entre as crianças germânicas, que acreditavam que os coelhos lhes viriam trazer guloseimas na altura da Festa; e que nasciam de ovos postos nos campos pelos pais deles.
Que mal tem tudo isto? Que problema há em forjar uma cercadura de maravilhoso universalista que apele aos instintos mais primitivos do Homem em relação ao Sagrado e lhe fortaleça o ânimo, orientando-o para o conhecimento da Mensagem Revelada, sem reprimir hábitos enraizados, cuja essência em nada colide com Aquela?
O rigor mais papista que o do Papa, na verdadeira acepção do termo, dirigido à depuração de elementos pagãos, assemelha-se, estranhamente, ao do polo oposto, o do neo-paganismo, que tenta raspar o Cristianismo das práticas ancestrais e "recuperar-lhes a pureza das origens".
O contrário disto é a abertura universal. Que está na propria identidade do Catolicismo, muito menos enfeudado à marginalização dos sinais exteriores de paganismo do que protestantismos vários. Problemática é a apropriação que os beneficiários do espírito consumista fazem deles. Mas esse é cataclismo de muito maior extensão.

sustos0 Sustos:

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