
Eis anunciado, com pompa e circunstância, a criação de um novo passaporte português que fará este aqui do lado passar à História. O Ministro António Costa gabou-se de que o documento ora criado seria de dificílima falsificação, além de tratar-se de uma «obra de arte», por incluir reproduções de trabalhos de artistas plásticos lusos. Saúda-se esta rara preocupação de compatibilizar o Belo com o Útil, o que demonstra o anti-platonismo dos nossos governantes. Assim como se exulta com a acrescida complicação da tarefa dos falsários. Mas nem tudo é um mar de rosas: sabe-se que muitos dos documentos de identificação internacional do nosso País que andam por esse mundo a
legalizar possuidores ilegítimos não foram forjados em qualquer obscuro estúdio de habilidoso imitador. Foram ou roubados de Consulados portugueses, ou desviados de ramificações da Administração Pública, como Governos Civis. Espera-se que também neste campo sejam tomadas providências. Caso contrário, a inovação servirá apenas para trazer mais segurança aos portadores que impropriamente usem o livrete franqueador. Voto final:
Que o comprovativo não seja mais roubado, ao contrário da nacionalidade que, por lei, roubada foi.