!DOCTYPE html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Transitional//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-transitional.dtd"> Calma Penada: Manés em Lisboa?

Calma Penada


«O optimismo é uma preguiça do espírito». E. Herriot. + «Uma assombração que se preza não pode ser preguiçosa. Buuuh!». O Fantasma do Misantropo.


segunda-feira, abril 17, 2006

Manés em Lisboa?

Meu Caro Engenheiro:
Sei que o teu post não me era dirigido, em primeira linha, mas ao nosso Caríssimo Jansenista. Ele já Te respondeu, superiormente. Mas como juntaste as minhas iniciais, metendo-me no pacote, tenho de fazer uns esclarecimentos, no estilo terra-a-terra de que não me consigo livrar.
Falas do «nosso maniqueísmo». Da minha parte, nenhum, mesmo no sentido vulgar e impróprio do termo. Nunca invoquei o Holocausto para justificar a minha simpatia por Israel. Sempre separei os dois assuntos. Mas, quando instado, pela condenação de Irving, ou pelos comentários no «misantropo...», a falar do tema, não me furtei. Acredito que houve, de facto a Solução Final. Com a assumida hostilidade Nacional-Socialista contra o Mundo Judaico, não me parece crível que, tendo o gás, os campos e os judeus ali mesmo à mão, com as prioridades que veriam, dentro da economia de guerra, em sustentar os "arianos", tivessem usado as câmaras e os chuveiros apenas para desinfecção. Assim como só um tenebroso wishful arguing me parece capaz de conceber que todos os milhões de desaparecidos tenham sido motivados por epidemias de tifo, ou similares. Mas, que fosse! Sabemos bem que essas "epidemias" não se teriam desenrolado sem as deportações e as condições sub-humanas dos campos, correspondentes aos «sub-homens», como lhes chamavam Goebbels, Streicher e o próprio Führer...
Não posso aceitar um anti-judaísmo destes. Se fosse um do género do de Karl Lueger, ou do de Vichy, com simples demissão da função pública e interdição de algumas profissões, eu opor-me-ia, por considerar paupérrimo o critério de acesso a esses meios. Mas enfim, não contestaria o direito de cada Estado escolher os servidores que entenda. É a diferença que enunciou o Comissário para os Assuntos Judaicos de Pétain, Xavier Vallat: «um anti-semitismo que jamais chegou ao horror da perseguição física».
Não te livras de ser «anti-judaico», pela invocação de uma vaga ancestralidade semita. É a mesma falácia dos que pregam o racismo contra os negros, procurando isentar-se do rótulo que justificaram, dizendo que "até têm amigos pretos". Hannah Arendt estudou amplamente o paradoxo de o anti-semitismo dirigido contra os Judeus, no mundo Germânico, ser mais tardio que em outros locais e ter assentado na acção e teorização de elementos da própria comunidade judaica. Houve muitos judeus anti-semitas, P- Rée, Marx, Weinninger. Até houve alguns no Nacional-Socialismo, como o General Milch e o Poeta Bronnen. Isso nada muda.
Israel é outro problema. O que eu não consigo perceber é a permanência da hostilidade dos detractores do Povo Eleito, quando a solução sionista corresponde a todas as preocupações com que procuraram adornar-se. As duas grandes linhas de força da crítica contra os judeus baseavam-se nas formas insinuantes como eles, alegadamente, dominariam o panorama social e intelectual, através da Finança, da Universidade e das Profissões Liberais, sem travarem a luta franca, de armas na mão; e de estarem na terra alheia, explorando os nativos, porque incapazes de conquistar e defender a sua. Ora, é quando o desmentido surge, com os Filhos de David ocupando e defendendo com meritoríssimo sucesso o naco da Palestina que era seu Berço, ao mesmo tempo que oferecem um destino a todas as ramificações da Diáspora, que se mudam as agulhas para continuar a tocar o disco da aversão atávica! Suspeito que, hoje, Hitler nem seria contra, afinal o Plano A dele era mandar os hebreus para... Madagáscar. Mas há muita gente que quer ser mais hitleriana que o Hitler. Que fazer? E, já agora, não entendo como um Mariano entusiasta como Tu pode esquecer que Deus Nosso Senhor escolheu uma Mulher da Casa de David para gerar o Seu Divino Filho...
Assim como não percebo que não vejas que o Estado fundado por Ben Gurion é hoje o aliado preferencial do Ocidente numa região e contra um inimigo que quer cobrir as nossas Mulheres (em todos ows sentidos), reduzir Jesus a um profeta menor e interditar-nos o vinho que, Consagrado, é o Seu Sangue. A sociedade israelita, exceptuando o nicho ultra-ortodoxo, por seu turno, não difere assim tanto da euro-americana, nas vivências essenciais. E, no que discrepa, não quer impor coisa alguma aos gentios, ao contrário do Radicalismo Islâmico...
É que o meu masoquismo está muito atrofiado. De toda a minha experiência, neste mundo dos blogues, o único ponto em que me terei modificado é a posição quanto ao problema do Médio Oriente. Quando cá cheguei, longe de desejar o mal aos povos que por lá se digladiavam, era, contudo, relativamente indiferente à permanência de uma luta entre duas civilizações que tinha como estranhas à minha. O cocktail entre a Al-Qaeda e os polemistas anti-judaicos da net, por vezes Pessoas que estimo e, noutros pontos, admiro, como Tu, fizeram-me encarrilar, decididamente, pelo apoio à acção israelita. É caso para dizer que Dois Engenheiros operaram a reviravolta: o Bin Laden e o Autor de «mas o rei vai nu». Só que isto é o inverso de maniqueísmo, senão pragmatismo, por um lado, e simpatia por quem se sabe mobilizar contra o número e as riquezas naturais hostis, por outro.
Abraço-Te pois, pedindo-Te que não deixes que o ódio te cegue, ao ponto de Te não deixar ver o nosso próprio interesse.

sustos1 Sustos:

É preciso descaramento! Eu anti-semita ou anti-judaico?! O que eu não sou é relativista! A ética não se conjuga ao sabor de pragmatismos de conveniência!
E, se para vocês um israelita vale mais que um árabe, então não estamos manifestamente do mesmo lado. Um ser humano é um ser humano seja ele português, argelino, malaio ou turco. E ponto final...
Quanto à Solução Final também não me custa acreditar que ela existiu (e nem me interessa se foi o Fuherer ou a prima dele). O que tu não podes ser é intelectualmente desonesto e distorceres o que eu disse. O que eu pus em causa foram os terríveis condicionamentos (legais e ilegais)à liberdade de investigação e reflexão sobre a existência ou não da tal Solução Final que tu próprio reconheces não ter sido ainda cabalmente demonstrada.
Quanto ao resto do uso abusado de ascendência judaica, conhecendo-me como me conheces fico espantado.

Add a comment