A mensagem emanada de um afegão evadido de uma prisão norte-americana que integraria a Al-Qaeda pode, paradoxalmente, ajudar mais os seus frustrados captores do que o êxito em conservá-lo atrás das grades. Por um lado, poderão os funcionários do Sr. Bush dizer que não eram assim tão duras as condições, já que ele conseguiu escapar. E com as ameaças dirigidas a Dinamarca França e Noruega, em razão do obsessivo rancor produzido pelas célebres caricaturas, há a eventualidade de gerar aliados pouco previsíveis para o país que suporta o ónus de combater uma ameaça real. Mas não entre os intelectuais. Esses até prefeririam uma criativa versão em que a CIA teria lavado o cérebro do fugitivo, para o transformar em arma de propaganda. A força do ódio é a suprema libertadora do masoquismo. Costuma ser o ódio de si. Mas, quando o outro é mais do que um, solta-se uma aceitação total do que faça aquele que não é o inimigo eleito.