Raramente tenho concordado com a oratória crivada de consensualismos de José Barroso, mas a aparente intenção de, em matéria de energia, corresponder ao braço estendido da Rússia só pode alegrar-me. Há muito que defendo um incremento do intercâmbio entre a UE e Moscovo, como meio de transformar a Aliança Atlântica em algo diferente da servidão e de conter eventuais avanços sínicos sem depender da mera boa vontade da grande nação asiática. Mas temo que o caminho que se parece querer seguir, o de o liberalizar o sector, não seja o indicado em todas as situações. É compreensível que Bruxelas o queira, porque a força da Europa está nas empresas, enquanto a da Rússia crepita nas matérias-primas. Excelente, enquanto a normalidade imperar. Mas teme-se que em situação de crise a simples actuação do mercado só venha piorar a gravidade da situação. Ultra-liberais gabam-se de ser os Norte-Americanos e são um parceiro importantíssimo do Governo Putin neste ramo da economia, sem que tenham feito exigências de alteração da modalidade de oferta definida.