Não há jornalista que não repita que o movimento Hamas trava uma guerra em duas frentes, na Cisjordânia, contra Israel e em Gaza, contra a presidencial Fatah. Não é mentira, mas, dados os opositores, tudo se pode reduzir ao que aconteceu em muitas outras guerras, um inimigo externo e um do interior, sempre suspeito de colaboração com o inimigo. E todos esquecem uma terceira força, porque muito menos impressionante em número e protagonismo - a Jihad Islâmica, dirigida de Damasco, mas com inplantação não desprezível em Gaza. É, quanto a mim, este o principal obstáculo ao sim do partido no governo da Palestina ao referendo sobre o reconhecimento de Israel. O receio de que lhe façam o que ele fez à força anteriormente dominante, se lhes deixarem a apropriação do radicalismo. Não é por acaso que os laços entre ambos os movimentos, outrora estreitos, têm vindo a afrouxar. O fim primeiro da Jihad Islâmica Palestiniana é a extinção do Estado de Israel. O Hamas já o não diz tão alto, mas não sabe como deixar de dizê-lo, sem evitar a debandada.