!DOCTYPE html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Transitional//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-transitional.dtd"> Calma Penada: Expropriar o Perdão

Calma Penada


«O optimismo é uma preguiça do espírito». E. Herriot. + «Uma assombração que se preza não pode ser preguiçosa. Buuuh!». O Fantasma do Misantropo.


domingo, maio 28, 2006

Expropriar o Perdão

Desde já quero lavrar uma declaração de interesses: sou um apaixonado pelo atletismo e guardo uma excelente recordação de Guy Drut, como Campeão Olímpico dos 110m Barreiras. Simplesmente, depois disso, tornou-se deputado e autarca da actual maioria em França e foi condenado por ter aceite um belo salário, correspondente a um emprego fictício, coisa absolutamente vedada aos agentes políticos. Sendo um queridinho de Chirac, vem agora a ser por este amnistiado.
Na sequência da decisão presidencial, o Secretário-Geral da Oposição Socialista, François Hollande, esfalfa-se a propor, quer a extinção da possibilidade de amnistiar, quer a do "Direito de Graça" presidencial, por uma exprimir a existência de uma justiça especial para uns poucos e o outro ser incompreensível, ao dar a um cidadão uma faculdade de passar por cima dos tribunais, que nenhum mais tem.
Em tese geral sou favorável a ambas as supressões. Aceito que um Rei possa perdoar. Agora, conceder tal a um eleito pode bem levar ao cálculo de riscos da ilegalidade que compatibilizem já essa saída, entre a entourage de um qualquer político proeminente, o que é perversão de monta.
Duas notas finais: ninguém se insurgiu quando Giscard d´Estaing perdoou a Althusser o assassinato conjugal, sob a alegação de que não podia ver no calabouço «um Filósofo a quem a França devia tanto». O que, na prática, significou que um pensador com créditos sobre a Gália de hoje pode matar a Mulher...
O segundo ponto é ter o Presidente Francês tentado justificar-se com o facto de uma condenação fazer Paris perder um assento na cúpula do Comitê Olímpico Internacional, de que Drut participava. Claro que é demasiado forte o odor a desculpar com o interesse público o que resulta somente de cumplicidades privadas. Nos Estados Unidos, ao menos, o locatário da Casa Branca perdoa quem muito bem quer, não tem de dizer porquê e ninguém sonha questioná-lo por isso. Será imoral, mas evita que a essa pecha se acrescente a da falsidade.

sustos0 Sustos:

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