!DOCTYPE html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Transitional//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-transitional.dtd"> Calma Penada: Política à Americana

Calma Penada


«O optimismo é uma preguiça do espírito». E. Herriot. + «Uma assombração que se preza não pode ser preguiçosa. Buuuh!». O Fantasma do Misantropo.


quinta-feira, julho 06, 2006

Política à Americana

No seguimento da falta de acordo entre o Governador de New Jersey, Jon Corzine, e a legislatura estadual, que pudesse conduzir à produção de um orçamento, o Estado ameaça fechar por valta de verbas e o mundo do jogo de Atlantic City, a rival que a Costa Leste opõe a Las Vegas, encerrou, realmente. Tenho muito má impressão do Governador. Com uma fortuna feita na bolsa, comprou a sua entrada na política, logo para o Senado Federal, alguns anos atrás, através de um volume de presentes e contributos privados nunca visto, ao ponto de os grandes jornais, normalmente alinhados com os Democratas, terem apoiado o seu rival Republicano. E volto a não gostar dele agora, em que se propõe comprar publicidade televisiva, do seu bolso, para propagandear a sua posição. Para o público talvez seja chocante ver faltar dinheiro para tudo, menos para promover o Governador, apesar de as origens serem diferentes. A mim, com o Oceano pelo meio, o que me faz espécie é o papel dos dinheiros privados na vida eleitoral e na das sondagens de popularidade, eliminando tanta vez qualquer honesta perspectiva de competitividade.
Mas os Americanos não o estranham. Gostaria de saber se muitos habitantes desta parcela da Federação, os que são de origem portuguesa, estão mais para cá ou para lá.

sustos2 Sustos:

Acabo de ler o conto "América" em "Sefarad" de Antonio Muñoz Molina. Fala uma personagem (feminina) dos anos 40: - Lá (na América), as mulheres fumam em público, tal como os homens, usam calças, vão de carro para o emprego, divorciam-se quando lhes dá na gana, conduzem a toda a velocidade nas estradas, que são muito largas e vão sempre em linha recta, não é como aqui, os carros não são pretos e velhos, mas muito grandes e coloridos, as cozinhas são luminosas e brilhantes, cheias de máquinas automáticas, de modo que rodas um botão e o chão se esfrega, e há uma máquina que tira o pó e outra que lava a roupa deixando-a até passada e dobrada, e as geladeiras não precisam de barras de gelo, todas as casas têm garagem e jardim, e muitas delas piscina.
Este é um certo imaginário que perdura da América e no qual americanos e imigrantes se revêem. Na América tudo é possível, tudo pode ser fácil, o dinheiro compra tudo ou, melhor, tudo tem um preço.A política à americana faz parte desse imaginário. Nós por cá fazemos o que podemos: lembram-se daquele autarca (figura grada!) que oferecia electrodomésticos aos seus eleitores?
Lembro-me, Caro D. E., o mesmo que, por causa da crise, na reeleição, ofereceu galinhas e na terceira vez passou às esferográficas. Mas, lá está, foi notícia e chocou. Corzine só o foi por bater um "record" e a população não se revoltou. Gostava de saber se os "nossos" - Newark fica em New Jersey - estão já completamente inseridos no espírito que tão bem ilustrou.
Muito obrigado, espero revê-Lo por cá.
Ab.

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