!DOCTYPE html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Transitional//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-transitional.dtd"> Calma Penada: As Fraquezas de Uma força

Calma Penada


«O optimismo é uma preguiça do espírito». E. Herriot. + «Uma assombração que se preza não pode ser preguiçosa. Buuuh!». O Fantasma do Misantropo.


quinta-feira, agosto 03, 2006

As Fraquezas de Uma força

O Hezbollah e Israel dizem querer uma força de interposição para encetarem um cessar-fogo. O Sr. Chirac diz querer um cessar-fogo para iniciar a interposição de uma força. Os anti-sionistas radicais puseram a correr na net a versão de que a Sr.ª Merkel teria transmitido ao Presidente francês a mensagem de que se deixasse de originalidades. Mas com que lógica? Afinal a Menina Rice só quer que passem duas semanas, para que o problema se resolva por si. Franco gostava de citar o velho ditado galego sobre as duas pilhas da sua mesa de despacho: «Estes são os problemas que o tempo resolveu, estes os que o tempo há-de resolver». E Santo Agostinho lembrava que, não havendo ainda Mundo, nem Tempo, Deus fazia o próprio Tempo. De israel era o povo de Jeovah. E os americanos são uma nação de Fé. Se quiserem saber quanto tempo durará a guerra do Líbano, telefonem para o Estado Maior hebraico e perguntem como decorrem as operações.

sustos2 Sustos:

Eu penso que este é um conflito muito conveniente para os políticos de todos os quadrantes, e talvez por isso, não obstante haver muitos a dizer o contrário, não haja grande interesse em pará-lo. Vejamos. Os líderes de Teerão, cansados de divergir sobre o número de vítimas do Holocausto, lidam agora com cifras menos problemáticas no que concerne à população civil do Líbano – entre 900 e 1000 até ao momento, já descontando o erro de avaliação de Canã. O chefe do governo do Líbano, que recebeu a secretária de estado americana com três beijinhos, tem-se limitado a governar apenas uma parte do país e talvez agora possa vir a governá-lo por completo. O chefe religioso xiita, que falhou a sua vocação ao não seguir a carreira militar, tem neste momento a oportunidade de falar menos de Deus e muito mais de mísseis, de fazer mais ameaças do que orações. Em Israel, um primeiro ministro apagado e sem carisma está no topo da popularidade, apesar de dizer todos os dias que já destruiu a capacidade bélica do inimigo e todos os dias as cidades do Norte continuarem a levar com saraivadas de morteiros. Os Estados Unidos têm uma excelente oportunidade para testar a capacidade de reacção da Síria e do Irão, além de que, finalmente, o Iraque saiu dos tops das agências noticiosas. Os países produtores de petróleo vêem subir o preço do barril. Teerão talvez aproveite a menor vigilância internacional para progredir no seu programa nuclear. As grandes empresas de construção civil têm agora a possibilidade de facturar na reconstrução do Líbano, só falta saber quem é que vai pagar. E a Alemanha, imagine-se, pode vir a ser chamada, setenta anos após o Holocausto, a jogar um papel decisivo na sobrevivência do estado hebraico. E em Portugal, não se ganha nada? Também se ganha sim senhor, não podíamos ficar de fora. O ministro das finanças, aborrecido com as reacções suscitadas pela divulgação da lista de devedores ao Estado, encontra um lenitivo na promissora subida das receitas do imposto sobre os produtos petrolíferos – claro que há outros efeitos, mas ele é ministro das finanças, não é da economia. Por outro lado, há sempre essa oportunidade de Portugal poder integrar a tal força multinacional que vai servir de zona tampão, etc., etc.. Até já anda na região um Hércules 130 a dar apoio humanitário, o que sempre dá alguma visibilidade à gente cá do burgo.
Tudo isto seria cómico, não fosse a tragédia do povo.
Meu Caro Manuel Nunes:
Obrigado pela brilhante leitura. Podemos acrescentar as 72 virgens para os combatentes do Islão caídos, como o estatuto de Herói-reencarnação de David dos tombados Israelitas. Mau mesmo só para os civis inocentes para quem sobrou.
Mas é o fado da guerra massificada.
Abraço e Bem-Vindo seja.

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