«O optimismo é uma preguiça do espírito». E. Herriot. + «Uma assombração que se preza não pode ser preguiçosa. Buuuh!». O Fantasma do Misantropo.
Ainda não havia a CNN. Neste dia de 1980, penso, os estudantes liceais mais politizados que nós éramos atiravam-se à rádio e, no dia seguinte, aos jornais estrangeiros, para obter notícias do sindicato Solidariedade, fundado na Polónia contra os Comunistas. Todos persebíamos que dali viriam sarilhos para o inimigo, embora não tivéssemos noção de que seria o princípio do fim, o detonador da desagregação. Ainda não sabíamos que a colectivização, na Polónia, operara em dimensão muito menor do que no resto dos Países-satélite da URSS. E só intuitivamente ligávamos a nova força à nacionalidade do Papa. Uma dúzia de anos depois, a velocidade dos acontecimentos tinha ultrapassado as nossas esperanças, mostrando que a prosápia dos observadores desarmados nada é ou pode, confrontada com a marcha da História. E também não prevíamos que fosse o proletariado a destruir o marxismo institucionalizado. Mas foi.