No futebol há renitência em recorrer a sistemas não-humanos de avaliação da legalidade das jogadas por se temer a subordinação do Homem aos meios automáticos, embora eu creia que a verdadeira razão reside no desinteresse que se teme que venha a existir quando se não puder contestar e insultar o árbitro. Na China está a causar polémica que juízes hajam
recorrido a um programa de computador para determinar a medida da pena de condenados. Não é uma substituição no julgamento, apenas a automatização de determinar a quantidade de sanção considerando as pevisões legais e as percepções de culpa emanadas do julgador. Choca, contudo, colocar acima de um ser humano uma máquina que lhe determina o futuro, mesmo se obedecendo a outro homem. E, no entanto, este primeiro passo para um pesadelo
bladeruneriano foi atacado apenas por os magistrados estarem a incorrer na pecha - esse versão laica do pecado - da preguiça. Ora aí está um argumento de que se não lembraram os adversários da máquina nos campos da bola.