A Europa paga as consequências da sua eficácia relativa, ao ter de ceder a um acto legislativo norte-americano que obriga à cedência de informações de passageiros de companhias suas voando para a território da União. Lá se
conseguiu salvar a face, sendo os dados transmitidos pelas companhias e não sendo automaticamente sugados pelas agências do
Tio Sam, o que é a salvaguarda do mínimo de aparência de soberania exigível. Mas já não posso estar de acordo que sejam omitidas informações relativas à religião dos embarcados. Sabe-se como a principal ameaça de hoje, dentro do terrorismo, surge de radicais islâmicos. Vigiá-los não corresponderia a dar todos os muçulmanos como teroristas, apenas a reconhecer que a probabilidade de neles serem encontrados autores de atentados é maior e justifica atenção especial. No fundo pouco importa, pois os nomes permitirão o controlo na esmagadora maioria dos casos e porque duvido de que as companhias tivessem conhecimento pormenorizado do culto dos clientes, em muitos deles. É, no entanto, uma preocupante demonstração de como, na Europa institucional, a tentativa de não irritar religiões minoritárias passa à frente do valor da segurança.