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Gosto de Grandville, mas não deste trabalho, porque me tenho por incompatível com a arte que se explica demasiado, como lembrava a T, anteontem. E por ver finais felizes de sequências mostradas em obras atingidas por essa pecha como agravante. Neste «Sonho do Crime e Castigo» o despertar no momento em que, acossado pelos olhos do remorso se exasperava por não conseguir chegar à redenção não é credível. Normalmente a angústia onírica que ocorra será sempre relativa a imagens menos etéreas da dívida contraída
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Parece mal enfiar no
mesmo saco um enforcamento por afeição política ainda que juvenil, e outro, por brincadeira fatal. Não sei se a não-emissão das imagens do enforcamento de Saddam teria evitado que os Miúdos que fingiram estar no papel dele entrassem nesse jogo, porque a saturação de notícias sobre o facto poderia levar ao mesmo efeito. Mas duma coisa elas não seriam capazes: de sugerir que aquela morte era como as dos filmes do
Far-West, a fingir. E nesse poder de sugestão com um desfecho que desmentiu tragicamente a falta de gravidade do
lúdico reside o horror da monstruosa força da Televisão.
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De um aniversariante, uma história de sempre, a do conflito: «Luta de Gaivotas», de Niclas de Stael: mais do que o lugar comum da marginalização do que é diferente, cumpre interrogar se não será legítimo concluir que:
- há sempre uma ovelha negra em qualquer grupo.
ou
- a naturalidade do castigo de uma sociedade levaria a encher de nódoas negras o punido.
Bom fim de semana.
Não quero intrometer-me na
escolha de uns Pais sofredores que querem dar à vida da filha curso melhor do que, de outro modo, se perspectivaria, por muito repugnante que seja a radicalidade da intervenção e suspeita de conveniências paternas, mais do que da doente ,que possa parecer a justifcação. O que me incomoda mais, todavia, é o lambareiro mergulho da imprensa sobre um facto que deveria permanecer privado, sob o pretexto da discussão ética. Não se trata aqui de salvar ou matar, mas apenas de entendimentos de qual a melhor forma de a inocente viver. E isso não deveria ser do domínio público.
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Já aqui tinha expresso a minha preocupação com a situação do Sul sudanês, em que uma população inteira tem sido sujeita à fome perpetrada ou consentida pelo Norte muçulmano. Sabe-se como aquela pobre gente, muita dela cega devido à desnutrição, precisava da ajuda internacional para ter alguma parca hipótese de coontinuar a boiar na superfície terrena. Mas uma vez mais as forças que a ONU para lá destacou não se terão portado com a dignidade mínima que uma missão de socorro exigiria,
forçando alguns dos seus membros, sexualmente, crianças da região. Claro que pode ser uma acusação inventada por Cartum para não aceitar mais forças das Nações Unidas no seu teritório. Porém, no longo historial e abusos da dos funcionários e militares ao serviço da Organização, o
ónus da prova, não penalmente, mas em termos de credibilidade, compete a Nova Iorque. E seria bom pensar em mudar o figurino deste tipo de expedicionários, escolhendo poucos países cujas autoridades militares pudessem actuar criminalmente, em vez de nomear dezenas deles para cada operação, com os apuramentos de culpas a perderem-se em inquéritos intermináveis e inconclusivos. Nesta martirizada região estão representadas mais de 70 Nações!
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«O Adeus do Rei Boabdil a Granada», de Alfred Dehodencq, neste 2 de Janeiro em que se comemora o termo da
Reconquista Peninsular, com a queda do último bastião muçulmano Ibérico às mãos dos Reis Católicos Fernando e Isabel, que, no entanto, mais não fizeram do que concluir as políticas havia longo tempo desenvolvidas pelos antecessores de Ambos. Bons tempos em que o Islão combatente estava em retirada, para trás olhando e não fitando o alvo desprotegido de uma Cristandade enfraquecida, até porque, a partir de dentro, já não coincidente com a Europa ameaçada.